Eu tenho TANTA dificuldade em cortar com situações e pessoas, pelo receio de magoar, que acabo por sofrer eu...
Vou interiorizar este conselho...
Custuma dizer-se que palavras leva-as o vento...
E é verdade, no entanto existem palavras que quando ditas magoam profundamente, outras que magoam pela sua ausência e outras tantas que nos fazem felizes.
É claro que o que acaba por contar são as acções, no entanto dou por mim a pensar em coisas que me disseram.
Palavras que apesar de verdadeiras, e talvez por isso mesmo me magoam e me entristecem.
Nada como colocar em palavras a realidade nua e crua, para acabar com as ilusões.
"Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria."
Pablo Neruda
E lá passou mais um fim-de-semana prolongado.
E este para mim teve 4 dias, três dos quais passei na excelente companhia da minha pessoa.
Agarrei em mim, no saco cama; enchi uma mochila com roupa em excesso e lá fui eu em direcção ao meu tão desejado fim-de-semana de reencontro comigo própria.
Tenho de confessar que tinha a vã esperança de ter mais alguém por companhia , mas a esperança não deixou de ser vã e a única companhia que tive foram os meus pensamentos e as minhas emoções.
Como diz uma amiga minha, é bem diferente chorar em frente do mar do que entre quatro paredes, e é bem verdade.
O mar parece que me compreende; as ondas parece que me respondem; que me tranquilizam...
E assim passei três dias de profunda introspecção.
Recriminei-me; zanguei-me; tomei decisões bastante dolorosas, e no fim de tudo fiz as pazes comigo.
"Há lugares que são pequenos abrigos para onde podemos sempre fugir"
Esta frase de uma das músicas da Mafalda Veiga, descreve perfeitamente o que senti estes dias .
Senti que tinha encontrado o meu porto de abrigo; o local para onde posso ír para colocar os pensamentos em ordem...
O local onde me consigo ouvir; onde consigo ouvir o meu coração, sem interferências nem ruído de fundo.
Poder estar deitada na praia sem ter que falar; sem ter que me esforçar por parecer bem obrigado, quando o meu coração sangra por dentro.
Não ter que ter horas para isto ou aquilo...
Não ter nada programado...
Andar ao sabor do vento... Deixar que o vento me leve.
Poder estar deitada na praia com o sol a beijar-me a pele, e o vento a acaricia-la, a ouvir as ondas a murmurar palavras doces, que o meu coração necessita de ouvir...AMO-TE!
As palavras ainda não consegui ouvir...
Talvez precise de treinar mais...Talvez precise de me dizer vezes suficientes AMO-ME, para que esse seja o sentimento a preencher o meu vazio.
O meu vazio, que só EU posso preencher; colocar essa tarefa nas mãos de uma outra pessoa é correr um risco muito grande, o de o vazio aumentar cada vez mais.
Aqui fica uma foto do meu retiro emocional...
"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."
Vinicius de Morais
Não quero sentir a solidão de quem não ama; não quero que o medo de me ferir ou de ferir me impeça de sentir, de viver, de amar....
Hoje em dia vivemos numa Era em que tudo é descartável, ora são os sacos de plástico, ora os copos, enfim todo um manancial de "coisas" que aparentemente foram inventadas para nos facilitar a vida de forma a que pudéssemos ser mais felizes?!
Será mesmo?!
A questão mais crítica é que se transferiu o lema do usar e deitar fora, dos artigos para as pessoas e para as emoções, e isso é que é realmente grave.
Hoje em dia as pessoas usam-se e depois descartam-se umas das outras como se de um simples copo de plástico se tratasse ...
Mas bem pior, porque relativamente ao plástico ainda começa a aparecer a preocupação da reciclagem, e quanto aos sentimentos?
Na procura do prazer e da felicidade imediata, as pessoas atropelam-se, iludem-se, usam-se e magoam-se sem dó nem piedade, e sem reciclagem " possível.
Quem nesta Era se vê, de repente, desirmanado, apanha um grande choque porque nada é como era há uns anos atrás, em que as pessoas procuravam nas outras os mesmos objectivos; faziam planos de vida em comum; procuravam construir a felicidade.
Hoje em dia, as pessoas procuram a FELICIDADE, como se de um artigo de consumo se tratasse .
Algo físico e palpável, e não, o que realmente é, algo que se constroi, que se partilha e que é feito de pequenas insignificâncias.
Hoje, as pessoas conhecem-se, relacionam-se sexualmente uma ou duas vezes, e descartam-se passando para a próxima "relação".
Cada vez ficam mais frustadas porque aquela ainda não é a tal ou o tal.
Mas para descobrir isso é preciso bem mais do que uns simples encontros físicos...
É preciso conhecer o outro; conhecer os defeitos e aceitá-los; é preciso querer ver mais fundo. Apaixonarmo-nos por alguém é um investimento grande; e manter uma paixão requer muito empenho.
Mas hoje, na era do fast-food; ready-to-wear; do-it-yourself, o "amor" passou a ficar conotado como descartável e quem não aderir ao fast-sex, pode correr o risco de se sentir inadaptado.
Pois bem, como diz uma amiga minha, prefiro ser inadaptada.
Não sou descartável.
Não sou de usar e muito menos de deitar fora.
Sou de Amar e valorizar, porque eu valorizo os outros, valorizo-me e amo muito.
Não sou púdica nem conservadora. Não condeno quem se sente feliz com esta forma de viver, apenas não é o que eu quero para mim.
Aqui fica mais uma...
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