A memória é traiçoeira e nem sempre joga a nosso favor.
Acho que deve de haver assim uma memória diabinho e outra anjinho como nos cartoons quando aparece a consciência boa e a perversa.
Existem aquelas recordações que são boas, outras que não são boas mas que nos ajudam a esquecer através da raiva e depois todas as outras que estão gravadas cá dentro e que fazem com que esquecer seja impossível, já que nem sequer consigo entender.
E a minha veio de uma conversa super banal com um colega de trabalho que nem faz a mais pálida ideia da dor que aquela conversa tão inocente acabou por despoletar.
Falávamos de sabores de café porque tanto ele como eu temos uma máquina da Nespresso, e ao dizer-me que tinham saído novos aromas café com bolacha e café com castanhas, lembrei-me de como me tinhas dado a experimentar café com cardamomo (especiaria).
E hoje ao passear na Fnac dei comigo a ver os pacotes das X-Files e os livros de culinária, bem como o livro que a tua filha te pediu para o Natal.
Ás vezes penso como é estranho que não nos encontremos na rua, afinal vivemos na mesma terra (que não é assim tão grande).
Confesso que tenho passado os últimos tempos a olhar por cima do ombro com receio de te encontrar. Deixei de frequentar o café onde íamos os dois; no entanto agora acho que gostava de te encontrar.
É que eu tenho esta mania de enfrentar tudo de frente.
Gostava de te olhar nos olhos.
Gostava de perceber.
Gostava de ver se irias fingir que não me conheces, e gostava saber o que iria sentir ao ver-te.
Infelizmente para mim não te tenho raiva, só muita mágoa.
Adoro esta música...
"Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mais beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja."
Jorge de Sena
Achei que estas músicas complementavam bem o poema.... e que tanto quanto o poema também estas letras descrevem toda a profundidade que se pode concentrar num beijo; nas emoções que se podem transmitir, e que o pode transformar num acto de intimidade mais profunda que a própria relação sexual (concordo contigo, amiga).
Um beijo pode aproximar almas de uma forma que trancende o contacto físico...
Kiss me, oh kiss me - David Fonseca
Leve beijo triste - Paulo Gonzo & Lúcia Moniz
and on, and on...
"Não importa se às vezes tudo é breve
como um sopro
não importa se for, uma gota só
De loucura faço oscilar o teu Mundo
e desfaço a fronteira entre a Lua e o Sol"
Importa, apenas e só, AMAR!!!
Sempre tive a tendência para ver o mundo e os outros através de lentes cor-de-rosa ...
Poderia pensar-se que agora que eu sou "older and wiser " já teria perdido a mania, mas parece que não.
Continuo a ser a minha pior inimiga.
Faço filmes na minha cabeça; construo castelos nas nuvens, e depois quandos as coisas não acontecem como eu imaginei (porque nunca acontecem) lá caio eu das nuvens e estatelo-me no chão com um grande estrondo e mais uma mossa no coração.
É claro que a seguir me levanto. Até hoje tenho conseguido levantar-me sempre. Acho que me estou a tornar perita na arte das quedas...
A questão principal acho que é: como quero eu ser daqui para a frente? Quero continuar a ser a romântica inverterada com muitos ossos partidos; ou uma pessoa mais com os pés assentes na terra (da terra o trambolhão já não é tão grande).
Vou ter que pensar nisto...
Não sei se consigo viver sem a adrenalina do sonho, mesmo sabendo das possíveis e muito prováveis consequências.
Obrigado amiga por me teres feito parar para pensar (tu sabes quem ês).
A nossa conversa remeteu-me para um filme ao qual já fiz referência anteriormente "Feast of love", e aqui ficam mais duas citações tiradas desse filme que neste momento ilustram o meu estado de espírito e os meus pontos de reflexão:
"Everything we need to know is going on rigth in front of our eyes, however our illusions about people, our hopes, they can blind us"
"Do you think that love is a trick or do you thinks it's the only meaning there is to this crazy dream?"
Porque é que será que quando estamos sozinhos existem certos dias que parece que ainda intensificam mais a nossa solidão?
Dias festivos que no fim de contas nada mais são que dias iguais aos outros...
Mas porque lhes foi atribuído o significado de dia disto ou daquilo, a mim recorda-me brutalmente de que hoje é o dia daquilo que eu não tenho e daquilo por que anseio... alguém que eu ame e me ame a mim.
Acho que sou mesmo uma romântica inveterada .
Para alguém que há bem pouco tempo saiu de uma relação longa podia ser quase normal que eu tivesse ficado céptica em relação ao amor...
Mas para mim não existe melhor estado de alma do que estar apaixonada.
A vida tem mais cor ; o coração bate mais depressa; tudo parece possível; o tempo pára.
Quem é que pode passar pela vida sem amar?
Mesmo que esse não seja o amor eterno, prefiro mil vezes amar e perder esse amor do que nunca ter amado.
Engraçado como de repente certas coisas fazem click ao fim de tanto tempo...
Foi o que aconteceu hoje comigo quando ouvi (talvez pela centésima vez) a música "Soulmate " da Natasha Bedingfield .
Acho que só naquele preciso momento prestei atenção à letra. Até aí tinha gostado da música mas não tinha interiorizado a mensagem.
Acho que todos procuramos a nossa alma gémea , como diz o refrão:
Who doesn't long for someone to hold
who knows how to love you , without being told
somebody tell me why I'm on my own
If there's a soulmate for everyone "
Realmente acho que este refrão resume tudo.
Alguém a quem abraçar
Alguém que me saiba amar sem ter que perguntar como
Alguém que me ame pela pessoa que sou e não por quem gostaria que eu fosse
Que conheça todos os meus defeitos e os aceite, porque ninguém é perfeito e no ser humano os defeitos são sempre mais pesados que as qualidades
Esta é a minha definição de alma gémea - compatibilidade e aceitação e não igualdade.
Outras visões do mesmo Mundo
As Palavras que nunca te direi
Not everything is average Nowadays
Outras partes de mim
Delicious Death: Agatha Christie's work list
The official Agatha Christie website
As minhas músicas
Natasha Bedingfileld - Soulmate
Avril Lavigne - When you're gone
Cindy Lauper - I drove all nigth
Tim e Mariza - Fado do encontro
Causas