Não deixa de ser um grande choque quando ocorrem derrocadas como a que ocorreu ontem em Albufeira, isto apesar de não ser preciso ser-se qualquer especialista para poder desconfiar da estabilidade de muitas arribas da nossa linha costeira. Especialmente na zona do Algarve; se vemos rochas que se erguem isoladas no areal, será de bom senso imaginar que a dado ponto no passado (talvez até não muito distante) essa rocha seria a linha de costa, ou seja que o fenómeno erosão já fez com que a massa rochosa ao seu redor fosse removida.
Mas como diria o meu orientador de estágio "Nossa Senhora faz muitos milagres" e o povo Português como bom crente corre muitos riscos desnecessários. Talvez não por crença religiosa mas simplesmente por achar que só acontecerá aos outros.
Passa-se o mesmo em relação ao risco sísmico.
Se fizermos um inquérito à população em geral, a maioria terá ouvido falar do Sismo de 1755, e saberá que Portugal especialmente a zona centro-sul tem um elevado risco sísmico, no entanto talvez devido ao facto de não termos tido sismos de grande relevância no passado (aquele presente na memória colectiva - e ainda bem!!), as pessoas tenham tendência para empurrar esse receio para um qualquer canto mais recôndito das suas mentes.
Não digo que seja errado, afinal existem tanta outras coisas que nos preocupam actualmente como a Crise económica e a Gripe A, no entanto não estar consciente e no mínimo saber quais as medidas a tomar caso aconteça é perigoso.
Nesta questão da derrocada, assim como em todos os acidentes geológico, geralmente não existem formas de prever os acontecimentos. São mecanismos geralmente lentos, e muito pouco é necesário para que um sistema deixe de estar em equilíbrio.
É realmente uma grande infelicidade.
Deixo aqui um artigo publicado no JN online acerca dos problemas de erosão que afectam a linha de costa Portuguesa.
Um abalo sísmico que não mereceu notícia teria precipitado o que já se sabe que pode acontecer: as arribas algarvias são zonas de risco por definição. Os pontos negros cobrem quase um terço da costa e têm exigido grandes obras.
Há uma semana, uma equipa da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Algarve esteve no local da derrocada de ontem na Praia Maria Luísa, Albufeira, e nada detectou, assegurou ao JN o secretário de Estado do Ordenamento do Território, João Ferrão.
O que aconteceu entretanto? A presidente da ARH, Valentina Calisto, admitiu aos jornalistas que um sismo registado há quatro dias poderia ter sido a causa próxima. Teria acontecido, assim, uma rotura por fissuração de um sistema geológico que a literatura sobre erosão costeira define como frágil por definição.
Mas poderia ter sido por outras razões: a erosão da base da arriba, até que parte superior se desprende; um forte ataque do mar; chuvas intensas; sobrecarga do topo com construções e impermeablização.
É assim em boa parte da costa algarvia, cujo risco está avaliado e cartografado. Há uma década que a carta de risco do litoral elaborada pelo Instituto da Água, tida em conta no plano de intervenção no litoral 2007-21013 através de grandes obras e nos planos de ordenamento da orla costeira, identificou os pontos negros.
Da foz do Minho à do Guadiana, 28,5% dos 1187 quilómetros de linha de costa, segundo uns autores, e 32% segundo outros, estão atingidos de forma significativa pela erosão. Um problema que também aflige a Europa, onde um quinto da fronteira com o mar (dados de 2004, com 25 membros) estava acometido pelo fenómeno, que avançava à razão de 0,5 a dois metros por ano em média.
O processo atingia mais profundamente os troços arenosos do Norte e Centro do país, com recuos da linha de costa da ordem de um metro por ano, chegando aos 20 metros por ano em Esposende. Previu-se mesmo um avanço do mar de 250 metros numa década entre Vagueira e Mira.
Nos troços rochosos, até em formações mais frágeis como os arenitos algarvios o recuo é menor. Uma "reflexão" do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável cita um estudo de 2000 que refere uma taxa de recuo de 17 centímetros por ano na linha do topo das arribas entre Olhos de Água e Quarteira. Mas se a arriba desliza ou cai, o recuo é pior.
Esposende, Esmoriz, Mira, Nazaré, Costa da Caparica, Sesimbra, Santo André, Azambujeira do Mar, Odeceixe, Burgau, Lagos, Albufeira, Falésia, Vale do Lobo, Fuseta e Barril estão na geografia do risco (infografia) que implica vultuosos investimentos. Só em 2008, foram investidos 7,57 milhões de euros.
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