Estamos em plena contagem decrescente.
Contagem decrescente para o Natal - falta um mês precisamente!
Contagem decrescente para a morte prematura desta empresa onde trabalho há dois anos...
Contagem decrescente para o meu último dia de trabalho aqui que será no dia 21 de Dezembro.
Contagem decrescente para o final de 2009.
Contagem decrescente para esta fase da minha vida.
Tantas alterações ao mesmo tempo só podem querer indicar isso mesmo.
Já aqui disse várias vezes (repetitiva) que a maior parte das vezes me sentia a sobreviver e não a Viver, e aqui falei das minha inúmeras tentativas de mudar e passar a ser mais como quero ser.
Tentativas talvez a 20%, porque na realidade nada mudou, eu não mudei. Acomodei-me. Porque dava muito trabalho e era muito doloroso, arrumar tudo o que estava desarrumado dentro de mim, de raiz.
Porque esse tem sido o grande problema que não me tem deixado crescer; de tanto "atamancar", nunca consegui construir nada de sólido. Sempre fui reconstruíndo pedaços quebrados, acrescentando aqui e ali, de forma que o resultado não foi muito sólido.
Também eu não construí a minha casa sobre a rocha (relembrando a minha última aula de catequese). Construí sobre as areias movediças da minha pouca auto-estima e da minha falta de amor próprio.
Veio uma rabanada de vento e levou tudo, e eu lá voltei a construir, cada vez tentando reforçar um pouco mais os alicerces, mas de forma errada, agarrando a minha construção nos outros e não tornando-me na rocha.
Nestes últimos dois anos e meio caí e levantei-me várias vezes, mas a mudança profunda que comecei a perceber ser necessária não a consegui fazer.
Talvez por cobardia, porque como doem os joelhos quando crescemos fisicamente, crescer interiormente faz doer a alma (palavras de uma sábia grande amiga).
E a verdade é que ninguém gosta de sofrer, então acho que me fui acomodando e evitando tomar esta ou aquela decisão, enfrentar este ou aquele problema.
CHEGA!!!
De uma certa forma agradeço que toda a estrutura ao meu redor tenha colapsado. Foi como se um terramoto tivesse de repente deitado abaixo tudo o que construí. Ficaram os escombros.
A limpeza é dolorosa. Faz doer a alma. Mas o que não nos mata, torna-nos mais fortes.
Tenho muito a agradecer. Tenho a minha família, tenho amigos, tenho saúde, dois braços duas pernas e inteligência para me por a caminho.
Já só faltam limpar os últimos obstáculos que dependem das tais contagens decrescentes, e depois a partir daí depende totalmente de mim.
O último mês foi um mês de intenso crescimento e muita dôr, mas neste momento e embora a dôr persista sinto que o meu coração começa a encontrar a paz que já não conhecia, e consigo enfrentar-me no espelho e começar a gostar do que ele reflecte mesmo tendo a noção perfeita de tudo aquilo que ainda preciso mudar.
Uma folha de papel vazio, que eu vou começar a preencher.
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